Rainbow Bridge Concert

Imaginem ter assistido Jimmy Hendrix acompanhado de Mitch Mitchell, na bateria, e Billy Cox, no contrabaixo elétrico, em plena cratera, numa ilha havaiana. Parece ficção. Mas o fato aconteceu, digno de momento histórico (pelo menos para os apreciadores da música). Estamos falando do Rainbow Bridge Concert, que rolou no dia trinta de julho de mil novecentos e setenta. Com entrada gratuita, surfistas, hippies, estudantes e os nativos da ilha dirigiram-se ao vulcão Kaleakala, localizado em Maui, onde aconteceu a aparição da entidade Hendrix e cia.

Joias sonoras do mestre foram lapidadas e potencializadas pela acústica e energia do lugar. “Spanish Castle Magic”, “Hey Baby (The Land Of The New Rising Sun)”, “Foxy Lady” e “Purple Haze” foram algumas das canções entoadas pelo trio. Durante a erupção sônica, vale prestar a atenção nos movimentos das mãos e do pé esquerdo do JH. A coordenação do músico surge como uma intuição majestosa. A gravação, disponível no pântano imagético do Youtube, desperta, de forma trivial, a sensação verdadeiramente grande de um concerto musical acontecido há mais de 40 anos.

Salada de legumes

Entre os jingles e promessas dos folclóricos candidatos a prefeito ou vereador, em terra brasilis, e os discursos retóricos da turma do mensalão, ouvimos em alto e bom tom "Abobrinhas Não", do espetacular Itamar Assumpção (1949-2003). Sem ter amarras com qualquer engravatado, o genial e subversivo músico brasileiro incluiu a crítica sonora no álbum Pretobrás, lançado pela Atração Fonográfica, em 1998.

O som da grana suja

Vindos do bairro do Brooklyn, em New York, o Antibalas segue o legado deixado por Fela Kuti ao emanar o mais puro funk africano, mais conhecido pela expressão afrobeat. Desde 1997, quando o multi-instrumentista deixou este plano terrestre, os 11 integrantes do bando dão continuidade à sonoridade e às críticas sociopolíticas desencadeadas pelo visionário mestre nigeriano. Nesta batida, o Antibalas, fundado pelo educador e artista multidisciplinar Martín Perna, chega com "Sare Kon Kon" e  "Dirty Money". Totalmente engajado, sem perder o suingue.

O groove de Arrrigo

Atento a diferentes sonoridades, sejam elas contemporâneas ou não, Arrigo Barnabé seguiu um caminho próprio na música brasileira. Entre as inúmeras peças sônicas criadas pelo paranaense, desde o fim dos anos 1970, está "Dedo de Deus", composta em parceria com Mário Manga e incluída no álbum Suspeito, de 1987. A música permeia pelo funk groove que determinou o rap estadunidense e chegava para influenciar a juventude da terra brasilis, principalmente a que tinha alguma afinidade com o break. Sobre a linha suingada do baixo, o som marcante da bateria e a psicodelia do teclado (no melhor estilo Zapp), Arrigo descarrega uma rima seca e direta, mandando um discurso crítico e atemporal.

Estilismo auditivo

No podcast: 76, da Stones Throw Records, Cut Chemist chega com Cassette Culture. Ao transitar pelos mais diferentes gêneros sônicos, o DJ e produtor norte-americano tece os quase 30 minutos de áudio com muita criatividade e atitude. Bases, colagens, beats, samplers, cortes secos, scratches e inesperadas texturas sonoras compõem este vestuário sonoro de Cut Chemist. O resultado desta peça pode até soar pop, mas está longe de tornar-se carne-de-vaca das passarelas midiáticas mundo afora.

A energia dos tambores

Ras Michael and The Songs of Negus é um dos nomes mais representativos do nyabinghi, estilo de reggae que realça toda a energia dos tambores. Influenciado pelas linhas rítmicas originárias da África mulçumana, este som ecoa como um típico mantra hindu. Rasta conception!