Para quem não se liga muito em rap, especialmente o produzido em nossas terras, talvez desconheça que este gênero musical tenha perdido espaço significativo para o funk, sejam nos bailes da periferia, festivais de música, emissoras de rádio ou até nas redes sociais. Com isso, a produção de videoclipes dos rappers brasileiros também sofreu um bocado, rara as exceções.
No entanto, com a renovação de nomes, encabeçada por Criolo, Emicida, Rael, Rashid e Rincon Sapiência (na verdade esses já estão na trilha das rimas e levadas há um bom tempo), entre outros, o rap nacional traz novos ares e indica caminhos promissores, tanto para o movimento em si como fora dele, inclusive na forma de se pensar e fazer comunicação em tempos digitais. Exemplo é o filme "Bluesman", do Bacu Exu do Blues. A iniciativa traz uma mistura incrível de linguagens e técnicas de produção audiovisual, equilibrando de maneira cirúrgica conscientização, ficção, arte, poesia e entretenimento (não apenas como sinônimo de diversão). Tudo condensado em 8 minutos e 15 segundos de duração.
A reflexão e autorreflexão sobre este trabalho não se limita à qualidade do vídeo em si, porém em todo o seu processo de concepção e desenvolvimento, ou seja, na capacidade de juntar uma diversidade impressionante de talentos, indo da rima visceral do mc baiano, passando pela produção impecável, ao crivo dos realizadores, além de toda coletividade para viabilização do projeto. Ao unir ampla frente de criação, planejamento e execução, aparentemente inviável para olhos míopes e sedentos por grandes verbas de marketing, surge algo com propósito genuíno, nascido em um ambiente de co-criação, conceito muito falado mas pouco visto na prática.
Sugiro assistir, ouvir e sentir. E fica o convite para compartilhar cada impressão.
P.S.1: parabéns a todos vocês que participaram do filme "Bluesman" e obrigado por abrir as portas das novas possibilidades de se comunicar e produzir comunicação.
P.S. 2.: logo abaixo do vídeo, no Youtube, tem a ficha técnica do projeto.