Num domingo de horário de verão, fim de novembro, lá está ele no palco, cabelo grisalho, de terno, gravata e saxofone em riste. A tranquilidade e os passos harmônicos mistificam a gama sônica deste jazzista texano de primeira linha.
Em 2010, a casa Bourbon Street tinha anunciado, em sua programação, o concerto de Ornette Coleman a preços sofisticados. Os mais chegados e ligados ao assunto foram atrás dos ingressos e se depararam com o cancelamento da apresentação.
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A plenitude de Ornette Coleman em meio aos seus músicos. SESP Pinheiros - SP 2010 |
Mas agora não teve jeito. O revolucionário e visionário Coleman, com seus 80 anos e acompanhado de Denardo Coleman (bateria), Tony Falanga (contrabaixo acústico) e Albert Mac (contrabaixo elétrico), mostrou todo a sua amplitude sonora no Teatro Paulo Autran, no SESC Pinheiros.
Foram mais de uma hora de imersão no jazz e suas variações, explorando o limite dos instrumentos, mas sem cair nas performances extraterrenas que alguns músicos insistem em realizar ao vivo, tornando tudo incompreensível. Pelo contrário, o laboratório cromático de Colemam equilibra todos os elementos da música, revelando, a cada nota, uma nova surpresa, uma nova emoção, um novo improviso.
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