O jazz, ícone da cultura norte-americana surgido há mais de um século e que se adequou às mais variadas geografias musicais, parece não ter encontrado seu espaço na mídia tupiniquim, em especial nas rádios (pelo menos nas últimas três décadas). No fim dos anos 1980, havia o programa Jô Soares Jam Session, na Eldorado AM, trazendo uma repleta lista de blues e jazz na qual alimentava significadamente o nosso conhecimento auditivo. O televisivo Jô Soares emanava sua discografia de maneira contemplativa que recheavam as virgens ou desgastadas fitas cassetes de muita gente.
Passaram-se os anos. Os vinis foram assassinados pelos empresários da fonografia. Com esse crime capital e as raras apresentações em palcos brasileiros, os tons jazzísticos limitavam-se aos CDs em gravações nebulosas de catálogos de gravadoras sem procedências, os títulos originais que chegavam pelas mãos de amigos ou a preços exorbitantes aplicados pelas megalojas do ramo. A seguir, devido à popularização da internet, o improviso e as nuances do som eternizado por Thelonious Monk, Charles Parker, Miles Davis, Arturo Sandoval, Paulo Moura, Airto Moreira e muitos outros pôde ser baixado mundo afora.
Em relação ao dial, ainda existe uma lasca de esperança: o Cultura Jazz, da Cultura FM, que começa pontualmente à meia-noite todo santo dia. Ao sintonizar a FM 103.3, na hora e local marcados, os timbres, acordes, conversas e variações dos instrumentistas de diferentes nacionalidades e gerações transformam o início das nossas madrugadas em momentos de pura satisfação sônica. Enquando aguarda-se o novo programa começar, ouvimos a versão ao vivo de "Blue Monk", de Dexter Gordon.
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