Era o tempo das fitas cassetes personalizadas. Os encartes das caixinhas das TDK, Sony, Philips e as emboloradas Basf recebiam cargas de canetinhas coloridas para ilustrar nomes do artista e das músicas que compunham o álbum ou a coletânea. Muitas vezes, a arte acontecia paralelamente à gravação da K7.
Os CDs surgiam aos poucos, principalmente trazidos por conhecidos agilizados (ou conhecidos dos conhecidos), que voltavam de viagens internacionais. Enquanto isto, no Brasil, as indústrias fonográfica e de eletroeletrônicos compactuavam e colocavam em prática a diabólica missão de assassinar os LPs. Quase não havia computadores e celulares na praça. A internet então, nem se fala, estava muito distante da nossa realidade.
Nesta época,
Aldo Manhães, amigo sempre antenado às novidades visuais e sonoras do mundo, jogou na mão a cópia do
G. Love & Special Sauce, lançado pela
Epic, em 1994. Os primeiros acordes de
"The Things That I Used to Do" logo despertou aquela sensação gostosa de curiosidade, de buscar referências na memória auditiva.
A cada canção, o estilo folk, incrementado pela levada cadenciada do bandleader G. Love, ganhava nova roupagem. Mas sem perder sua origem, suas características. Riffs de guitarra, suingue de baixo, quebradeiras de bateria e solos de gaita vão costurando as linhas sônicas do disco homônimo. "Blues Music", "Garbage Man", "Baby´s Got Sauce", "Fat Man" e outras que ocupavam quase toda a Sony de 60 minutos faziam (e ainda fazem) a cabeça via walkman até esgotar-se a energia do par de pilhas AA.
Hoje o CD perdeu seu reinado para os arquivos em MP3. O vinil ressurge com certo ar cult e a preços nada convencionais. Porém, chegar em casa, pegar a caixa de fitas, separar a do G.Love & Special Sauce e rolar no tape deck é tão prazeroso quanto encontrar os verdadeiros e eternos amigos.
Dedicado aos de longa data: Daniel “Piu”, irmãos Kirk (Pedro, Paulo, Roberto e Hélio), Cláudio “Para”, Luis Naka, irmãos Manhães (Aldo e Beto), Felipe “Pipo” e Gerson “Negão”, entre outros.